sexta-feira, 17 de julho de 2009

Racismo é crime, mas homofobia pode


Interessante o comentário sobre as agressões homofóbicas dirigidas ao jogador Rycharlysson (ou algo assim) e como a imprensa os ignora. Se o chamassem de macaco, o problema estava criado. Li sobre o assunto aqui e concordo: falta muito para o Brasil virar uma democracia de verdade. A frase "os gays são os dalits do Brasil – não são nem cidadãos de 2a. ou 3a. classe, porque nem cidadãos são" é antológica.

6 pitacos:

Cáh Del Santos disse...

Eu nunca vi por esse lado!
O mesmo acontece com os jogadores argentinos qunado falam "racista,ignorante,egocentrico" eles não são nenhum pouco xenofobicos né?
Brasil precisa de varias mudanças urgentes ou viveremos em regime de castas mesmo!

Pavinatto disse...

Conheço bem o Richarlysson (pessoalmente) e o assunto aí é complicado. Mas o raciocínio é válido, plenamente válido. De fato, como você expôs como subtítulo do blog,´procede a maéria de capa da THE ADVOCATE (out/08): Gay is the new black!

Marivone Vieira disse...

Então... Não acho que racismo e homofobia tenham como ser comparadas, ainda que sejam formas de preconceito, por uma simples questão: reconhecidamente ou legalmente ou legislativamente ou constitucionalmente, os negros formam uma minoria que tem\conquistou mais direitos que os homossexuais.

E isso se deu por conta de muita luta, muita morte, muita prisão, principalmente nos Estados Unidos e em alguns países da África.

Acredito que, quando preparados, confiantes e unidos, os homossexuais poderão fazer e conquistar o mesmo.

O racismo ainda existe, em cada esquina desse país. Isso não vai mudar, mas que se sente incomodado pode processar. Espero ver o dia que os homossexuais poderão fazer o mesmo, sem declinar de seus direitos. Dou todo apoio que precisarem nesse universo.

Marivone
http://umafabulasobreavaidade.wordpress.com/

P.S: Não esquece que Richarlysson, além de homossexual, é negro e os negros são, em boa parte, homofóbicos (Digo pelo que vejo até em minha família). Esse menino deve sofrer o diabo...

Sil disse...

Marivone, pra mim a grande diferença entre racismo e homofobia é que não dá para esconder que a pessoa é negra. Então as pessoas sofrem tanta discriminação, veem os filhos sofrendo, os pais, que acabaram se organizando e lutando por direitos, proteção, enfim, tudo que vimos o movimento negro conseguir nos últimos anos.
Com os gays é mais complicado porque a grande maioria passa por hétero ou não quer se envolver com a luta por direitos, até por conta de homofobia internalizada. Além disso é uma minoria muito menor do que a negra no Brasil.
Mas para mim homofobia e racismo são comparáveis sim, porque são formas odiosas de julgar e limitar as pessoas por conta de uma característica pessoal. Imagina, julgar alguém pela cor da pele, isso é completamente absurdo, seja qual for a cor em questão!
Sobre o Richarlysson até onde eu saiba ele não diz que é homossexual. Mas a pessoa não precisa ser gay para sofrer homofobia, a suspeita de que alguém seja homossexual e a opressão daí derivada já é homofobia.
Valeu a visita, vou acompanhar seu blog.

Marivone Vieira disse...

Concordo com tudo que disse.

Mas, então, o que queria dizer é sobre o lance de poder e de não poder. Nenhuma das coisas se pode fazer. Os dois tipos de preconceito estão errados, são execráveis, mas a diferença é que a pessoa negra incomodada pode se defender judicialmente. A pessoa homossexual, não, infelizmente. Acho que já observamos esse ponto.

Daí vem toda a questão do preconceito interno e tal, que o negro tem também, não se engane... Mas, embora o preconceito interno também exista no negro, eles são uma minoria maior, como você comentou, e acabaram conquistando direitos e reafirmando sua 'existência' de forma "mais rápida".

Acredito que os homossexuais também irão conseguir. Pelo que vejo, pela desunião (principalmente), vai demorar um pouco, mas as coisas já estão melhorando...

A gente tem que entender também que nem todo mundo tem o perfil combatente, nem todo mundo é forte, nem todo mundo consegue acordar pra luta. Tem gente que simplesmente quer viver, ver filmes e chorar as batatas em casa...

Por fim, acho que um erro grande que vejo na luta homossexual é querer brigar de testa, às vezes, com religiosos e outros grupos.

Acho que tem que brigar por DIREITOS e não por aceitação, como uns fazem, sabe? Vejo muito isso por aqui, seja no salão de beleza, seja na universidade. As pessoas precisam entender, por exemplo, que as piadinhas preconceituosas só vão acabar quando as leis chegarem para acabar com eles e enquadrá-las como crime. Foi o que aconteceu com os negros. Chico Anysio achava engraçado chamar preto de preguiçoso... Daí veio a constituição, vieram as leis e ele se aquietou... As piadas acabaram? Não. A cabeça dele mudou? Duvido. Mas, no geral, as piadas preconceituosas diminuíram. Quem se incomodar, se sentir ofendido, sei lá, processa. E assim a gente vai vivendo...

Eu sei que é difícil, mas as coisas se fazem com calma e inteligência. Foi difícil um negro conseguir subir num ônibus junto com um branco, usar o mesmo banheiro e coisa e tal, mas eles/nós conseguimos.

É isso.
Abraço!

Marivone
http://umafabulasobreavaidade.wordpress.com/

Sil disse...

Concordo. Também acho que o importante é lutar por direito, cidadania, não aceitação. Ninguém é obrigado a gostar de ninguém, mas a gente precisa se respeitar.
Devemos lutar inclusive pelo direito de ficar em casa, quieto e não ter que ficar se expondo e fazendo passeatas pelas coisas mais básicas.
Muito interessante a discussão. Valeu :)