sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
Um 2011 hedonista para vocês
Tenho andado encantada com o livro A potência de existir, do filósofo francês Michel Onfray. E nessa vibe desejo a todos um 2011 hedonista: a maior felicidade possível para o maior número de pessoas. Beijos, seus lindos =)
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Sobre a nossa pobre e covarde militância gay
Tenho visto muita gente reclamar da militância gay e da forma discreta - ou totalmente ausente- com que vem reagindo aos ataques conservadores que vem acontecendo recentemente contra os nossos direitos . A reação - se é que está havendo alguma - está sendo vergonhosa, é verdade. Mas acho que as críticas à militância precisam ser mais generosas.
Participei de ONGs gays por um tempo e o que pude perceber é que a classe média não se envolve. Ficamos em nossos consultórios, escritórios, gabinetes - a imensa maioria levando uma vida enrustida - fingindo que nada temos a ver com o que está acontecendo.
Quem milita mesmo, mostra a cara, enfrenta parlamentares homofóbicos, corre atrás de formas de pagar o aluguel da ONG, são gays pobres que muitas vezes só tiveram acesso ao ensino público até o nível médio ou nem isso. Pessoas sem nenhum acesso à informações mais sofisticadas.
Fora que nunca há uma mobilização verdadeira da comunidade gay, e isso inclui a classe média e os ricos. Quando o PLC 122/06, por exemplo, vai a votação os pastores evangélicos levam figurantes para se manifestar contra. Nós, que precisamos ir por conta própria, não aparecemos por lá. Qual a imagem que isso passa aos parlamentares que iriam votar um projeto polêmico e depois ter que responder aos eleitores sobre o voto dado?
O nível da militância que temos é reflexo da ausência dos gays ricos, mestres, doutores e profissionais liberais que adoram ficar na internet, no conforto do ar condicionado, criticando a ignorância e os erros dessa militância despreparada, que espelha tão bem nosso país.
É chato, é frustrante, mas nós temos que explicar às pessoas que união civil não é o mesmo que casamento, que casamento não é só religioso, que presidente também pode legislar e que leis que tenham apoio da bancada governista são as que têm reais chances de aprovação. E temos que explicar isso todo dia, muitas vezes. E temos que repetir. E repetir com outras palavras, com termos mais simples, com metáforas. Temos que repetir em várias mídias, e sem cansar. Isso se quisermos que algo mude no Brasil.
Nos Estados Unidos, onde a militância é invejável, os gays milionários fazem doações e deixam heranças para o movimento, financiam prêmios, montam abrigos para gays pobres e sem estudo, dão bolsas de estudo. Os altos cargos das ONGs contratam no mercado profissionais com currículos irretocáveis.
Nossa militância é péssima, pobre, ignorante, covarde, dependente de doações do governo. Mas isso, infelizmente, é tão culpa nossa quanto deles.
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Presidente faz leis?
O debate eleitoral trouxe à tona uma dúvida que vem gerando muitas discussões nas redes sociais. Quem pode apresentar leis? Só o Poder Legislativo (senadores e deputados)? Ou o presidente da República, o Executivo, tem algum poder nesse sentido?
O texto abaixo esclarece a questão:
Como são feitas as leis?
Em nível nacional, além dos legisladores propriamente ditos (senadores e deputados) e do presidente da República, podem apresentar leis o Supremo Tribunal Federal, os Tribunais Superiores, o procurador-geral da República e os cidadãos.
Emenda à Constituição
A elaboração das leis federais é regulamentada em dez artigos da Constituição Federal(do artigo 59 ao artigo 69). As leis mais difíceis de serem aprovadas, as emendas constitucionais, que modificam a Constituição, podem ser encaminhadas pelos parlamentares federais (deputados e senadores), desde que a proposta tenha o apoio de no mínimo um terço de seus colegas, seja na Câmara dos Deputados ou no Senado Federal. Também o presidente da República tem o poder de encaminhar uma PEC ao Congresso.
Uma PEC também pode ser apresentada pelo conjunto de pelo menos 14 das Assembléias Legislativas dos 26 Estados e do Distrito Federal (que tem o nome de Câmara Legislativa). Cada uma delas, porém, tem de aprová-la antes, pela maioria relativa de seus membros. A maioria relativa, também conhecida por maioria simples, é a maioria dos votos dos deputados presentes.
Leis ordinárias
A iniciativa para propor leis complementares e ordinárias pode partir de qualquer membro ou comissão do Congresso Nacional, como também do presidente da República, do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores, do procurador-geral da República e dos cidadãos.
Nesse último caso, os projetos são considerados de iniciativa popular e precisam ser apresentados na Câmara com assinaturas de pelo menos 1% do eleitorado nacional (aproximadamente 1,35 milhão de votantes), distribuído pelo menos por cinco Estados, com no mínimo 0,3% dos eleitores de cada um deles. O projeto da Ficha Limpa foi aprovado pelo Congresso Nacional após ter sido apresentado como de iniciativa popular.
Projetos que só o presidente pode apresentar
Existem projetos de lei que são de competência privativa do presidente da República, ou seja, só o presidente pode legislar sobre esses assuntos.
São eles os projetos que fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas ou que disponham sobre criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica, bem como o aumento de sua remuneração; que tratem do regime jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma e transferência para a reserva de militares das Forças Armadas, entre outras.
Medidas provisórias
O presidente da República também legisla por meio das Medidas Provisórias (MPs). Uma vez publicadas, as MPs passam a ter valor de lei ainda que precisem, em prazo determinado, ser confirmadas pelo Congresso Naiconal.
As medidas provisórias só podem ser usadas "em caso de relevância e urgência". A Constituição proíbe a edição de MPs que tratem de nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos, direito eleitoral, direito penal, direito processual penal e direito processual civil; organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; e planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, entre outros assuntos.
As MPs precisam ser examinadas pelo Congresso em prazo de 45 dias de sua publicação, quando a proposta entra em regime de urgência, trancando a pauta da Casa em que estiver tramitando.
Urgência
Se for matéria de grande interesse, o presidente da República pode pedir urgência no exame da proposta pelo Congresso. A Constituição estipula ainda que os projetos de lei de iniciativa do presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados. Somente o presidente da República, entretanto, pode solicitar urgência para apreciação de seus projetos. Cada Casa passa a ter então 45 dias para examinar a matéria. Após esse prazo, impede a tramitação de outras matérias.
Vetos
O presidente pode também vetar, ou seja, impedir que passe a valer, uma lei aprovada pelo Congresso. O presidente pode vetar a lei aprovada pelo Congresso Nacional no todo ou em parte, por considerá-la inconstitucional ou contrária ao interesse público, em um prazo de 15 dias após seu recebimento. Tem mais 48 horas para comunicar ao Parlamento os motivos do veto.Decorridos 15 dias do recebimento sem que o presidente se pronuncie, a lei é considerada sancionada e promulgada pelo presidente do Senado.
O veto pode, porém, ser derrubado pelo Congresso e assim tornar-se efetivamente lei. O veto deve ser apreciado em sessão conjunta da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em prazo de até 30 dias após seu recebimento. Para derrubar o veto são necessários os votos da maioria absoluta de Deputados e Senadores, em escrutínio secreto. A maioria absoluta é a metade mais um dos votos em cada casa. Necessita, portanto, dos votos de 258 deputados e 41 senadores.
Leis delegadas
As leis delegadas são elaboradas pelo presidente da República depois de devidamente autorizado pelo Congresso Nacional.
Essa é uma versão reduzida do texto publicado pela Agência Senado.
E, mais que tudo, existimos e resistimos
Amamos viados. Mulheres são nosso ideal.
E, mais que tudo, existimos e resistimos.
Luiz Mello - Pesquisador do Ser-Tão e professor da Universidade Federal de Goiás
Quando adolescente, no final dos anos 70, uma das máximas da resistência ideológica de minha geração era um trecho de poema atribuído ao russo Maiakovski, mas que é de Eduardo Alves da Costa. Intitulado No caminho com Maiakoviski, em um trecho diz assim: “Na primeira noite eles se aproximam / e roubam uma flor / do nosso jardim. / E não dizemos nada. / Na segunda noite, já não se escondem; / pisam as flores, / matam nosso cão, / e não dizemos nada. / Até que um dia, / o mais frágil deles / entra sozinho em nossa casa, / rouba-nos a luz, e, / conhecendo nosso medo, / arranca-nos a voz da garganta. / E já não podemos dizer nada”. Creio que é hora de dizermos:
SOMOS LÉSBICAS, TRAVESTIS, GAYS E TRANSEXUAIS. SOMOS MULHERES E FAZEMOS ABORTOS. REIVINDICAMOS ACESSO IGUALITÁRIO AO CASAMENTO, À UNIÃO ESTÁVEL, AO DIVÓRCIO, À INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL, À BARRIGA DE ALUGUEL, À ADOÇÃO. QUEREMOS TER DOIS PAIS HOMENS OU DUAS MÃES MULHERES. SOMOS CATÓLICOS-AGNÓSTICOS-UMBANDISTAS-EVANGÉLICOS-ATEUS E ESTAMOS EM TODOS OS LUGARES.
Não há nenhuma necessidade real de pertencermos a qualquer desses grupos ou de desejarmos usufruir qualquer dos direitos que lhes são negados. O fundamental é ter a clareza de que não se trata apenas de uma ameaça à cidadania e mesmo à sobrevivência física de pessoas homossexuais, travestis, transexuais e de mulheres heterossexuais, embora a garantia de seus direitos humanos seja um imperativo absoluto. Num nível além das aparências mesquinhas, o que está em jogo é algo precioso para todas as pessoas, por serem princípios fundamentais da vida democrática: a laicidade do Estado, a liberdade e autonomia dos indivíduos, a garantia da igualdade na esfera pública.
Agora são as mulheres e os segmentos LGBT os alvos do desejo de morte física e simbólica dos que se auto-intitulam representantes da única concepção aceitável de vida e de humanidade. Amanhã continuarão a ser eles, concretamente expulsos de seus trabalhos e perseguidos rua afora, por termos feito abortos ou por amarmos um igual... Depois de amanhã, ... poderá ser qualquer um que se torne o o(a)bjeto da ira dos intolerantes seguidores de um deus inventado para justificar uma lógica perversa de manutenção de privilégios, para os de sempre: machos-dominantes-heterossexuais e os que com eles se macomunam. Basta olhar quem são os donos do poder e quem ocupa majoritariamente os espaços de decisão política de nossa sociedade – nos poderes legislativo, judiciário e executivo, nas igrejas, no tráfico de drogas, na estrutura policial, etc.
Não sei se é lenda, mas há alguns anos ouvi uma história incrível: quando os nazistas invadiram a Dinamarca, não conseguiram prender grande número de gays e lésbicas, diferentemente do que ocorreu em muitos outros países durante a segunda guerra mundial. Antes que as prisões se tornassem um fato irremediável, centenas de milhares de dinamarqueses começaram a usar voluntariamente em suas roupas o símbolo do triângulo rosa invertido, empregado por nazistas para identificar homossexuais nos campos de concentração. A solidariedade foi a fonte da resistência. Não é à toda que muitos anos depois a Dinamarca tornou-se o berço dos direitos conjugais de lésbicas e gays na contemporaneidade.
Apenas por muito pouco estamos hoje distantes das mãos dos que se sentem no direito de dizer quem deve e quem não deve viver – e como viver -, seja por razões de Estado, seja por razões religiosas. Isso é inaceitável. Quando um grupo de pessoas se vê na iminência de perder direitos de cidadania e humanos por terem se tornado o bode expiatório da vez, toda a estrutura democrática da convivência humana está ameaçada. Num momento em que o machismo homofóbico é nitroglicerina pura e o combustível ideológico das igrejas nas disputas de poder relacionadas a um projeto de sociedade que nega direitos sexuais e reprodutivos a grupos específicos, um caminho de resistência talvez seja dizermos que somos tod@s ess@ outr@ que querem calar, castrar, excluir e aniquilar. E é urgente fazermos isso agora, desobedientemente, sem medo de assumirmos politicamente a rebeldia do oprimido que se revolta e não aceita as bases da vida desumanizada que lhe está sendo imposta. Se nos calarmos neste momento, talvez amanhã não possamos dizer mais nada.
--
Prof. Luiz Mello
Faculdade de Ciências Sociais
Universidade Federal de Goiás
62 9290 7920
62 3521 1343
www.cienciassociais.ufg.br
www.sertao.ufg.br
sábado, 16 de outubro de 2010
Tempos difíceis
Tomei a liberdade de republicar na íntegra o texto de Don Diego, o melhor que li até agora sobre o segundo turno das eleições.
Dilma, os gays e sua vitória de Pirro
Dilma Rousseff pode ter colocado a pá de cal definitiva em sua candidatura à presidência. Ao comprometer-se a assinar uma carta contra medidas como o aborto e o casamento gay, espera conquistar os votos de milhares de evangélicos e católicos pelo país, mas ignora que pode perder milhões de outros votos, daquelas mulheres e famílias que são favoráveis ao aborto, dos milhares de homens gays e mulheres lésbicas (e de suas famílias), assumidos ou não, que (a candidata parece ignorar) também votam (o voto ainda é secreto) e, principalmente, daqueles que não concordam com as posições extremistas e/ou com as intromissões das igrejas em assuntos de Estado. Sim, somos milhões e todos votamos.
Dilma justificou sua posição dizendo, por exemplo, que “O Estado será laico”. Como acreditar minimamente na candidata, se ela se dobra à vontade dos setores religiosos da sociedade mesmo antes de eleita, ignorando os notáveis avanços mundiais nos mesmos assuntos nos quais ela agora prega posições conservadoras, reforçando a tese de que o Brasil se encontra 50 anos atrasado em relação aos Estados Unidos no que se refere à direitos humanos? Tal comparação foi feita na época da eleição de Obama, ao se ponderar a (im)possibilidade de um presidente negro ser eleito no Brasil.
Se de fato Dilma pretendesse um Estado laico, não se submeteria à situação na qual se colocou no encontro da última quarta-feira com os líderes religiosos.
A candidata disse também: “Não posso dar direito a uns e tirar de outros. A parte relativa a condenar o preconceito contra o homossexual nós todos temos que endossar. Agora, a parte relativa a criminalizar as igrejas é um absurdo”
O que ela parece não enxergar é que a visão passada pelos pastores e padres ao atacarem gays e lésbicas a partir do que consideram uma interpretação certa da Bíblia ecoa fora das Igrejas, mais do que tudo. Nem é preciso recorrer a exemplos distantes: basta olhar atualmente as centenas de outdoors espalhados pela cidade pelo pastor Silas Malafaia, obviamente se dirigindo a gays. Dilma ignora óbvios ululantes como esse agora? Esse é o verdadeiro absurdo.
Saindo das igrejas com mensagens de desprezo e ódio à gays e lésbicas, famílias podem oprimir filhos homossexuais acreditando estarem cumprindo a vontade de Deus e podem expulsá-los de casa, crimes violentos de ódio podem se alastrar, como se os gays fossem culpados dos flagelos da humanidade, o bullying nas escolas pode aumentar, já que crianças e adolescentes tendem a repetir padrões de comportamento e professores e diretores de instituições, que deveriam formar e informar, podem fazer muitas vezes vista grossa por deixarem seus posicionamentos pessoais prevalecerem.
Sobre a frase absurda da candidata de que não pode “dar direito a uns e tirar do outros”, o que nós pedimos é simplesmente o direito de não sermos agredidos verbal e moralmente, de não sermos humilhados e vistos como a escória da civilização humana ou representantes da Besta porque determinada religião interpreta assim. Direitos como esse são básicos; e não algo que possa ser usado como moeda de troca por votos, como parece crer Dilma.
Se por um acaso sua frase procedesse, onde está sua promessa então de revogar a lei de intolerância religiosa, para que eu e outros que discordamos frontalmente das práticas conservadoras de igrejas atuais possamos nos expressar livre e enfaticamente (como fazem os pastores e padres hoje em relação aos gays) contra o que consideramos absurdos e abusos medievais? Não é meu direito protestar e dizer o que penso, então? Ou é direito de credo deles fazer o que acham certo e eu sou obrigado a respeitar por causa da Lei Caó? A recíproca não é verdadeira? Eu e outros não poderíamos ter “nossos direitos tirados” para ser “dado a outros” (padres e pastores).
Dilma Rousseff também ignora a figura do casamento civil. Embora existam igrejas evangélicas como a Cristã Contemporânea, na Lapa, no Rio de Janeiro, que aceita gays e realiza casamentos entre pessoas do mesmo sexo, a imensa maioria dos homossexuais busca basicamente as seguranças jurídicas e de direitos que o casamento civil oferece, não apenas as limitadas opções da união civil. A candidata ignora solenemente tal opção.
Faz exatos dois meses que o casamento gay foi aprovado na Argentina. Que eu saiba, o país não sofreu nenhuma praga bíblica por causa disso, não foi invadido por gafanhotos nem pela peste, nem foi punido “pela ira dos céus” como se fosse a versão atual de Sodoma e Gomorra. Apenas mais pessoas puderam casar com os cônjuges que amam, de sua escolha, e puderam ter, afinal, vislumbres da felicidade que lhes foi negada tanto tempo.
Fico muito triste e sinto imensa vergonha como cidadão brasileiro ao ter que escolher entre dois candidatos que favorecem setores religiosos em troca de votos para vencer uma corrida eleitoral, às custas da dor que milhares de pessoas que sofrem, muitas vezes caladas e sozinhas, por questões que não deveriam entrar na seara política pra começo de conversa.
É humilhante como cidadão gay brasileiro ser tratado como se eu não existisse e/ou meu voto e dos meus iguais não fosse nada importante e relevante.
Penso sinceramente em abandonar meu país, em busca de um local onde possa exercer , pelo menos, o ato de afeto mais simples e singelo que se pode pensar, o de andar de mãos dadas, sem me preocupar se eu vou sofrer agressões morais (e físicas) nas ruas, shoppings, parques e restaurantes provocadas por pessoas que freqüentam igrejas ou cultos que tem respaldo para propagar suas crenças excludentes de ninguém menos que (o) a presidente da República.
Dilma Rousseff, acredito que, caso você vença, sua vitória será, indubitavelmente, uma vitória de Pirro. Serra se insistir nesse assunto deve ir pelo mesmo caminho.
E nem ganhamos beijo na boca
Muito boa a carta da ABGLT aos candidatos convertidos:
Prezada Dilma e Prezado Serra,
A Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais – ABGLT, é uma entidade que congrega 237 organizações da sociedade civil em todos Estados do Brasil. Tem como missão a promoção da cidadania e defesa dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, contribuindo para a construção de uma democracia sem quaisquer formas de discriminação, afirmando a livre orientação sexual e identidades de gênero.
Assim sendo, nos dirigimos a ambas as candidaturas à Presidência da República para pedir respeito: respeito à democracia, respeito à cidadania de todos e de todas, respeito à diversidade sexual, respeito à pluralidade cultural e religiosa.
Respeito aos direitos humanos e, principalmente, respeito à laicidade do Estado, à separação entre religião e esfera pública, e à garantia da divisão dos Poderes, de tal modo que o Executivo não interfira no Legislativo ou Judiciário, e vice-versa, conforme estabelece o artigo 2º da Constituição Federal: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.”
Nos últimos dias, temos assistido, perplexos, à instrumentalização de sentimentos religiosos e concepções moralistas na disputa eleitoral.
Não é aceitável que o preconceito, o machismo e a homofobia sejam estimulados por discursos de alguns grupos fundamentalistas e ganhem espaço privilegiado em plena campanha presidencial.
O Estado brasileiro é laico. O avanço da democracia brasileira é que tem nos permitido pautar, nos últimos anos, os direitos civis dos homossexuais e combater a homofobia. Também tem nos permitido realizar a promoção da autonomia das mulheres e combater o machismo, entre os demais avanços alcançados. O progresso não pode parar.
Por isso, causa extrema preocupação constatar a tentativa de utilização da fé de milhões de brasileiros e brasileiras para influir no resultado das eleições presidenciais que vivenciamos. Nos últimos dias, ficou clara a inescrupulosa disposição de determinados grupos conservadores da sociedade a disseminar o ódio na política em nome de supostos valores religiosos. Não podemos aceitar esta tentativa de utilização do medo como orientador de nossos processos políticos. Não podemos aceitar que nosso processo eleitoral seja confundido com uma escolha de posicionamentos religiosos de candidatos e eleitores. Não podemos aceitar que estimulem o ódio entre nosso povo.
O que o movimento LGBT e o movimento de mulheres defendem é apenas e tão somente o respeito à democracia, aos direitos civis, à autonomia individual. Queremos ter o direito à igualdade proclamada pela Constituição Federal, queremos ter nossos direitos civis, queremos o reconhecimento dos nossos direitos humanos. Nossa pauta passa, portanto, entre outras questões, pelo imediato reconhecimento da união estável entre pessoas do mesmo sexo e pela criminalização da discriminação e da violência homofóbica.
Cara Dilma e Caro Serra
Por favor, voltem a conduzir o debate para o campo das ideias e do confronto programático, sem ataques pessoais, sem alimentar intrigas e boatos.
Nós da ABGLT sabemos que o núcleo das diferenças entre vocês (e entre PT e PSDB) não está na defesa dos direitos da população LGBT ou na visão de que o aborto é um problema de saúde pública.
Candidato Serra: o senhor, como ministro da saúde, implantou uma política progressista de combate à epidemia do HIV/Aids e normatizou o aborto legal no SUS. Aquele governo federal que o senhor integrou também elaborou os Programas Nacionais de Direitos Humanos I e II, que já contemplavam questões dos direitos humanos das pessoas LGBT. Como prefeito e governador, o senhor criou as Coordenadorias da Diversidade Sexual, esteve na Parada LGBT de São Paulo e apoiou diversas iniciativas em favor da população LGBT.
Candidata Dilma: a senhora ajudou a coordenar o governo que mais fez pela população LGBT, que criou o programa Brasil sem Homofobia, e o Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT, com diversas ações. A senhora assinou, junto com o presidente Lula, o decreto de Convocação da I Conferência LGBT do mundo. A senhora já disse, inúmeras vezes, que o aborto é uma questão de saúde pública e não uma questão de polícia.
Portanto, candidatos, não maculem suas biografias e trajetórias. Não neguem seu passado de luta contra o obscurantismo.
A ABGLT acredita na democracia, e num país onde caibam todos seus 190 milhões de habitantes e não apenas a parcela que quer impor suas ideias baseadas numa única visão de mundo. Vivemos num país da diversidade e da pluralidade.
É hora de retomar o debate de propostas para políticas de governo e de Estado, que possam contribuir para o avanço da nação brasileira, incluindo a segurança pública, a educação, a saúde, a cultura, o emprego, a distribuição de renda, a economia, o acesso a políticas públicas para todos e todas!
Eleições 2010, segundo turno, em 15 de outubro de 2010.
ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Calcanhoto de Moraes
Gente, finalmente boas novas. A essa altura todo mundo já sabe que a cantora Adriana Calcanhoto oficializou a união com a cineasta Suzana de Moraes (aí na foto o do meio é o Lulu Santos. Parece uma sapa coroa, mas não confunda).
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Ao povo de Deus
Ao povo de Deus: "Quarta-feira, 25 de Agosto de 2010
ELEIÇÕES 2010
Em carta a evangélicos Dilma defende família e diz que “uniões estáveis para as minorias” cabem ao Congresso
por Valmir Costa
Na carta aberta, após chamar os leitores de “meus amigos, irmãos e irmãs brasileiros”, Dilma conclama os evangélicos que querem um Brasil melhor e mais “perto da premissa do evangelho” que – segundo ela – “é desejar ao próximo aquilo que queremos para nós mesmos”.
A candidata cita os programas Bolsa Família e Minha Casa Minha Vida como trabalhos do governo parecidos com os das igrejas evangélicas em nome da família. “Compreendemos como as igrejas, todas sem distinção de denominações cristãs, são importantes e necessárias neste projeto de apoio e resgate da família e da sociedade”, diz a carta de Dilma.
O tabu homossexual – Dilma Rousseff censura no seu texto a palavra “homossexual” ao se referir à união civil homossexual. Usa o termo “união estáveis para as minorias”, e diz que isso é responsabilidade do Congresso. 'Cabe ao Congresso Nacional a função básica de encontrar o ponto de equilíbrio nas posições que envolvam valores éticos e fundamentais, muitas vezes contraditórios, como aborto, formação familiar, uniões estáveis e outros temas relevantes, tanto para as minorias como para toda sociedade brasileira', diz a candidata.
O folheto de propaganda eleitoral da petista ainda traz depoimentos, bem como fotos de líderes evangélicos como o bispo e deputado federal Manoel Ferreira (PR-RJ), o bispo fundador da igreja Sara Nossa Terra e deputado federal Robson Rodovalho (PP-DF) e – entre outros nomes – do deputado federal homofóbico membro da Assembleia de Deus Eduardo Cunha (PMDB-RJ), autor do projeto de lei autor do projeto PL-7382/2010, que pune a “discriminação a heterossexual”, uma espécie de antiprojeto de lei do PLC-122/06, que pune a homofobia no Brasil. ‘‘É inegável que o presidente Lula é, seguramente, um dos melhores presidentes (se não for o melhor), que tivemos ao longo da nossa história. Só por esse motivo, e sabendo que a Dilma foi o braço direito dele nesses oito anos, já me motivaria para isso”, diz o deputado Cunha.
O voto evangélico – Após os depoimentos dos evangélicos, um pequeno texto intitulado “Estudo Aponta que Metade do Eleitorado Brasileiro Será Evangélico em 2020”, mostra que “se o crescimento constatado entre 1991 e 2000 continuar, a população evangélica brasileira chegará a cerca de 55 milhões neste ano. Com esse crescimento, a igreja evangélica do Brasil alcançará 50% da população do país em 2020”. O estudo é do Serviço de Evangelização para a América Latina (Sepal).
Se a máxima “todo político é igual” valer para as questões dos direitos civis dos homossexuais, esta máxima está valendo. Exceto Plínio de Arruda Sampaio (PSOL-SP), os demais candidatos à presidência da República, seja José Serra (PSDB-SP) e Marina Silva (PV-AC), também utilizam esta mesma estratégia rocambolesca do escrever com a mão e apagar com o cotovelo. Todos os candidatos de olho nesse “filão” que é o “Povo de Deus” e seus aliados. Fica difícil acreditar em possíveis garantias para os LGBT com estes três políticos que, a cada dia, mostram mais como este país de laico não tem nada e de rabo preso tem um monte!
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
Cansei de migalhas
Não consigo decidir em quem votar para presidente. Os principais candidatos - Dilma e Serra - fizeram acordo com os evangélicos em que a moeda de troca são nossos direitos. Ou seja, vocês me apoiam e eu não faço nada pelos gays se eu for eleito. A Marina é evangélica ela mesma, então não dá nem pra cogitar. Me contaram uma fofoca de bastidor outro dia. Disseram que a Marina se recusou a entrar na sala de um ministro aqui em Brasília porque tinha uma carranca na porta. Não sei se é verdade, mas, anyway, o que a gente pode esperar de uma creacionista!
Cheguei a decidir votar no Plínio de Arruda Sampaio. Ele apoia a igualdade no casamento, afinal, não têm nada a perder. Mas o Plínio estava outro dia defendendo Cuba! Tá difícil.
A Dilma poderia ser minha candidata, como um miltante argumentou comigo no Twitter outro dia "é a menos pior", mas essa coisa de ela usar meus direitos civis como moeda de barganha é abjeto. Toda vez que eu decido que vou votar nela me dá um mal estar horrível. E tem ainda o fato de Lula apoiar no Rio de Janeiro a candidatura do homofóbico Marcelo Crivella, da Igreja Universal, ao Senado. Sendo que o candidato coligado ao PT no Rio é Lindberg Faria. (cariocas, votem César Maia e Lindberg, contra o Crivella, pelo AMOR DE DEUS!!)
Só que tenho que reconhecer: o governo Lula foi quem mais fez pelos gays e pelas mulheres. Embora só nos tenha dado migalhas. Parece que dos 78 direitos que nos são negados, conseguimos conquistar 6, isso agora já no final dos oito anos de governo Lula. Ainda faltam 72 direitos que os héteros têm e nós não.
Eu estou cansada de migalhas!!
Conclusão: a esperança de conquistas mais relevantes continua sendo o Judiciário. E eu queria mesmo era morar na Argentina, Portugal ou no Canadá :)
PS: Esse texto é baseado em um que escrevi em um comentário para a Miss X no post anterior. Valeu Miss por me fazer trabalhar rsrs
PS2: Essas senhorinhas da foto foram o primeiro casal a conquistar igualdade no casamento na Califórnia, em 2008, no breve período em que esse direito rolou por lá. O sorridente senhor entre as duas é o prefeito da cidade, que realizou o casamento das mulheres que já tinham um relacionamento há mais de 50 anos. Por uma das coincidências mais felizes da minha vida eu estava em São Francisco nesse dia. :)
PS3: Me empurrando para o Plínio teve também o beijo gay da propaganda eleitoral gratuita do PSOL.
PS4: Se eu escolher um candidato venho aqui e conto.
sábado, 14 de agosto de 2010
Eu amo esse blog :)
E o twitter... ah, o twitter, tão fácil, tão rápido. No celular, vou repassando as notícias.
Mas curtinho. E são outras pessoas.
Mas eu continuo aqui, viu.
Quem sabe arrumo mais tempo para escrever aqui...
Quem sabe?
Quero falar das eleições. Tomara que fale antes do dia 3 de outubro :P
beijos
sexta-feira, 16 de julho de 2010
Parabéns, Argentina
quinta-feira, 8 de julho de 2010
Alexandre Thomé: uma morte injustificada
A Frente de Blogueiros contra a Homofobia lançou nesta quinta-feira um manifesto contra o assassinato do estudante Alexandre Thomé Ivo Rojão, de 14 anos. Para quem não lembra, o Bota Dentro está aqui para lembrar: três jovens acusados de sequestrar, torturar e estrangular o estudante foram presos nessa quarta-feira. E, apesar de negarem a autoria do crime, Eric Boa Hora Bedruiam, Alan Siqueira Freitas e André Luiz Cruz Souza, todos de 23 anos, confessaram de fato ser skinheads.
No texto divulgado pela Frente, que eu recebi por e-mail, o delegado Geraldo Assed, da 72ª DP, em São Gonçalo, a suspeita é de que o crime tenha sido motivado por homofobia, uma vez que os suspeitos usam redes sociais na internet para incitar ódio aos gays – vamos combinar, esse tipo de atuação na web, a gente está cansado de conhecer. Eu mesmo, diariamente, aprovo comentários de incitação ao ódio contra nós, aqui no Bota Dentro.
Para quem ainda não sabe exatamente do que estou falando, o corpo do adolescente foi encontrado em um terreno baldio, no bairro da Califórnia, em São Gonçalo. Segundo a polícia, Alexandre foi espancado antes de ser morto por enforcamento com a própria camisa.
O crime aconteceu na mesma semana em que o deputado federal Eduardo Cunha, do PMDB do Rio de Janeiro, defendeu a criação de uma lei de proteção aos heterossexuais. Isso mesmo, coê leu esse absurdo aqui. O deputado, que é do mesmo estado que o estudante, parece perder muito mais tempo alimentando a homofobia do que se sensibilizando com questões realmente importantes. É dele a brilhante ideia de “restabelecer o direito das pessoas de serem normais”. Serão punidos aqueles que proibirem a permanência ou a entrada de heterossexuais em qualquer ambiente ou restringirem a expressão de afetividade entre eles em locais públicos ou privados.
Talvez, seja normal – para ele – que um grupo de skinhead se reúna e cometa crimes como esse. Este blog se solidariza com a família desse garoto – mesmo que ele não fosse homossexual, como alega a mãe. Um ato de covardia e intolerância, como esse, é sempre deplorável.
"PS: tenho usado o botão blog this do google reader, mas às vezes acho que fica parecendo que só fiz copiar e colar o post. Veja lá, não é o caso. Esse texto é do Bota Dentro e o link original está bem lá em cima.
terça-feira, 29 de junho de 2010
Alexandre Ivo é símbolo de um Congresso que teima em não olhar eqüanimamente para todos, diz senadora
Íntegra do discurso da senadora Fátima Cleide (PT-RO), feito no Senado nesta terça-feira (29/06):
A SRª FÁTIMA CLEIDE (Bloco/PT – RO) – (...) Srª Presidenta, o que me traz a tribuna neste dia de hoje, dia 29 de junho, é a lembrança do dia de ontem, 28 de junho, quando foi celebrado um importante marco na luta pelos direitos humanos no mundo. Esta data relembra os fatos ocorridos em 1969, na cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos da América, quando cidadãos enfrentaram a polícia, que à época adentrava constantemente o bar Stonewall para
para discriminar, torturar e prender, arbitrariamente, os seus frequentadores, que em sua maioria eram gays, lésbicas e travestis.
Em razão dessa data, surgem as marchas que conhecemos como as Paradas do Orgulho Gay. A partir de então, a comunidade LGBT não mais aceitaria calada toda sorte de preconceito, discriminação e violência. E, a partir dessa data, estabeleceu-se o Dia Internacional do Orgulho Gay.
Passados mais de 40 anos, muito ainda há a ser feito, Srª Presidenta. Seguramente há avanços. Sociedades machistas como as latino-americanas começam a implementar políticas públicas de combate à homofobia e promoção da cidadania LGBT. Recentemente, o Presidente Lula, corajosamente, assinou decreto que instituiu o dia 17 de maio como o Dia Nacional de Combate à Homofobia. Entretanto, o número de crimes de ódio contra essa comunidade ainda é assustador. No Brasil, segundo os dados do Grupo Gay da Bahia, a cada dois dias um LGBT é assassinado em razão da homofobia.
Infelizmente, Srª Presidenta, na segunda-feira da semana passada, mais um bárbaro crime entrou para essa triste estatística. Falo do assassinato de Alexandre Thomé Ivo Rojão, um adolescente de apenas 14 anos. Foi espancado a pau, pedras, barras de ferro, enforcado com a própria camiseta e deixado em um terreno baldio na cidade de São Gonçalo, no Rio de Janeiro.
Srªs e Srs. Senadores, Srª Presidenta, em maioria aqui nesta Casa, somos pais, mães, avôs, avós.
Imaginem a dor da família, a dor da dona Angélica, com a qual eu falei hoje, Senador Geraldo Mesquita, a dor de uma mãe que hoje não pode comemorar o aniversário da filha que lhe restou, que completa, no dia de hoje, 29 de junho, 16 anos. O Alexandre iria completar 15 anos no dia 30 de novembro de 2010. Mesmo assim, eu venho aqui me solidarizar e prestar meus pêsames. Eu imagino a dor dessa mãe ao ter de reconhecer o rosto desfigurado do filho, uma criança, um menino ainda, que poderia até um dia estar aqui, nesta tribuna ou neste plenário, repetindo os ditos de sua mãe...
– “...a gente tem de ser livre... As pessoas têm o direito de ir e vir. Não interessa se gosta de vermelho, se eu gosto de laranja e ele gosta de branco.” Essas foram as palavras da dona Angélica.
Pois é, simples assim, um clássico exemplo de respeito à diversidade, mas, infelizmente, nós nunca veremos o Alexandre por aqui. Isso nunca ocorrerá, pois ele não terá a oportunidade que nós tivemos. Sua vida foi ceifada, brutalmente, assassinado por um grupo de rapazes, supostamente skinheads.
Esse é mais um caso de um jovem gay brasileiro que entra para a história só porque era dito “diferente” e que teve seu espaço, sua vida tirada por aqueles que seguem os ensinamentos dos que acham que este mundo é lugar para poucos, onde a diversidade não tem lugar.
Srª Presidente, não podemos mais permitir essa barbárie. Temos o dever moral, ético e constitucional de tomar providências. Mais uma vez, conclamo este Senado a aprovarmos o PL nº 122, de 2006, de autoria da Deputada Iara Bernardes, que pretende inserir os termos orientação sexual e identidade de gênero na Lei nº 7.716, mais conhecida como a Lei da Criminalização do Racismo.
O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB – AC) – Senadora Fátima Cleide, V. Exª me permite um aparte?
A SRª FÁTIMA CLEIDE (Bloco/PT – RO) – Eu estou falando para uma comunicação inadiável, Senador Geraldo, mas eu ouço...
O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB – AC) – Mas eu tenho certeza de que a Senadora Serys Slhessarenko irá permitir porque essa é uma questão que aflige não só V. Exª.
A SRª FÁTIMA CLEIDE (Bloco/PT – RO) – Com certeza.
O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB – AC) – Eu quero me somar inclusive ao seu lamento. E é de se perguntar ou se afirmar: mas o Congresso Nacional não tem nada com isso. Tem sim, Senadora Fátima. Tem sim. Talvez, sejamos cúmplices desse assassinato de um jovem homossexual no País, pela omissão do Congresso Nacional.
A SRª FÁTIMA CLEIDE (Bloco/PT – RO) – Pela omissão.
O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB – AC) – Por pura omissão. Eu sou testemunha do esforço de V. Exª em tentar aprovar aqui uma legislação que, quando nada, assustasse um pouco esse marginais, essas pessoas que acham que podem tirar a vida de um outro ser humano simplesmente porque ele tem uma opção sexual diferente da sua. É um crime com terríveis agravantes. E o Congresso Nacional é cúmplice desse assassinato pela omissão. Aqui nós nos negamos a apreciar e aprovar um texto de lei que pune, que assusta esses meliantes, esses assassinos, essas pessoas cruéis. Portanto, quero me juntar ao seu lamento. Lastimo imensamente que mais uma pessoa neste País seja vítima do preconceito, da discriminação e do ódio irracional que pode chegar à cabeça de um ser humano para tirar a vida de um outro ser humano de forma tão brutal.
A SRª FÁTIMA CLEIDE (Bloco/PT – RO) – Eu agradeço e quero que as suas palavras, Senador Geraldo Mesquita, façam parte de meu pronunciamento. E também aqui sou testemunha do seu esforço, do esforço da Senadora Serys também de estar junto conosco nesta luta pela aprovação do PL nº 122.
Lamento que no dia de hoje que não vejamos nas manchetes dos jornais nenhuma grande notícia a respeito da morte desta criança, com 14 anos de idade, Senadora Serys Slhessarenko, poderia ser seu neto, poderia ser meu filho. Todas nós estamos hoje, nós que temos filhos e neto, podemos a qualquer momento... Claro que poderemos perder um filho pela violência comum, mas esse garoto teve muita coragem aos 14 anos de idade assumiu a sua orientação sexual e ele morreu por isso. E a nenhum cidadão deste País é dado o direito de tirar a vida de uma pessoa por conta da sua identidade de gênero ou da sua orientação sexual. E nós não podemos, como disse V. Exª aqui Senador Geraldo, ficar omissos diante disto. Como membro da Frente Parlamentar em defesa da criança e do adolescente e como uma das coordenadoras da Frente Parlamentar e da Cidadania LGVBT eu estarei aqui
eu estarei aqui acompanhando este caso e lembrando que este caso não pode se tornar apenas um símbolo ou apenas mais um número, tem que ser feita justiça para esta criança, para esta mãe que hoje clama por justiça e que pede que nós Senadores tenhamos a coragem de ajudá-la. E eu queria ver aquelas pessoas que aqui falam tão constantemente e tão emocionalmente contra o PLC 122, eu gostaria de vê-las aqui, pelo menos se solidarizando com esta mãe e pelo menos dizendo que seu coração se toca diante da dor de milhares de mães e de pais neste país. Nos acusam, Senador Geraldo, de sermos contra as famílias. E estas famílias que perdem seu filhos diuturnamente neste país? Quem cuida da dor deles?
Eu queria dizer, para finalizar, que conto com o apoio do Senado Federal para que a gente possa fazer com que a indignação que nos move vire política pública, para que a gente aprove, que a gente tenha a coragem de aprovar o PLC 122. Uma pesquisa recente da UnB, Senador Roberto Cavalcanti, constatou que nos 25 livros que são destinados ao Ensino Religioso neste país nós encontramos discriminação e preconceito de duas formas: contra as outras religiões que não são cristãs, eu sou cristã, mas nosso estado é laico, e nós não podemos estar dentro das escolas com um material escolar incitando o preconceito com relação a outras religiões.
E também nessa pesquisa se constatou o preconceito contra a orientação sexual e identidade de gênero, falando, inclusive, textos desses livros que ser gay é doença. Isso já foi há vinte anos descartado pela Organização Mundial de Saúde. O Conselho Federal de Psicologia todos os dias tem uma luta cotidiana para também desmistificar essa questão da doença do homossexualismo. Homossexualismo é um termo que não existe mais a partir da retirada deste termo do catálogo de doenças da Organização Mundial de Saúde há vinte anos.
Portanto, senadora, para finalizar, chocada com todas essas constatações, eu fico pensando: como que nós podemos transformar nossa sociedade num espaço de convívio mais harmônico e digno para todos e todas? A educação tem papel fundamental nesse processo.
Portanto, eu solicito desse Plenário que o Ministério da Educação e a Secretaria Especial de Direitos Humanos tomem providências urgentes com relação a essas publicações, pois estão sendo violados dois direitos constitucionais: o da liberdade religiosa e de crença e o da discriminação e preconceito, por outro lado.
Para finalizar, gostaria de louvar e saudar a todos e todas que lutam pela garantia e promoção da diversidade. Uso aqui como símbolo o Dia do Orgulho Gay, que tem como bandeira o arco-íris, que, por si só, já nos mostra que não há uma só cor, não só um tipo de ser humano, não há uma única forma de viver em sociedade. Somos diferentes, sim, não só em nossas orientações sexuais e identidade de gênero; somos diferentes em quase tudo. Mas há algo fundamental
Mas há algo fundamental que une os defensores e defensoras dos direitos humanos: o entendimento de que a luta por uma sociedade que respeita, valoriza e admira as diversidades torna melhores e mais bonitos os caminhos que o povo brasileiro pode traçar.
É nisso que eu acredito. É isso que me faz levantar todos os dias, de cabeça erguida, para trabalhar e ajudar a construir um Brasil melhor para todos e todas. Alexandre Ivo, de quatorze anos, com toda a tristeza e indignação de sua partida, seu nome entra para os anais desta Casa como um símbolo de um Congresso que teima em não olhar eqüanimamente para todos os brasileiros e brasileiras.
Com tristeza e pesar, era o que eu tinha a dizer.
Muito obrigada, Senadora Serys. Muito obrigado, Senador Roberto Cavalcanti.
A SR. PRESIDENTE (Serys Slhessarenko. Bloco/PT - MT) – Obrigada, Senadora Fátima Cleide. Realmente esse é o discurso que todos nós temos consciência que se faz necessário não só como discurso, mas como postura de todos nós, aqui neste Parlamento.
Nós compomos, junto com a Senhora, a Frente Parlamentar pelo Fim da Homofobia. E eu diria que todo cidadão brasileiro, homens e mulheres, têm de ter essa consciência. Nenhum motivo existe para que se tire a vida, e, muito menos, a questão da opção sexual.
Com a palavra, pela inscrição, Senador Roberto Cavalcanti.
domingo, 9 de maio de 2010
Revista Veja traz reportagem de capa sobre jovens Gays
A revista mostra como está cada vez mais fácil para jovens e adolescentes se assumirem como Gays, vivenciarem sua sexualidade de forma aberta e saudável, contando até com o apoio dos pais e o exemplo de famosos que saem do armário a todo momento.
Entre na página da Revista Veja para ler a reportagem completa.
Plano de saúde terá de aceitar parceiro gay
Segundo a ANS, a determinação leva em consideração normas já existentes no Código Civil e na Constituição, que fala em igualdade de tratamento e 'proibição de discriminações odiosas'. A intenção do órgão responsável pela legislação do setor foi dar mais clareza a regras já existentes.
'Para fins de aplicação à legislação de saúde suplementar, entende-se por companheiro de beneficiário titular de plano privado de assistência à saúde pessoa do sexo oposto ou do mesmo sexo', explica a súmula.
O reconhecimento do direito dos casais homossexual já vinha sendo feito pela Justiça brasileira. Em setembro de 2007, o Tribunal Regional da 1ª Região decidiu por unanimidade que a Fundação de Seguridade Social deveria garantir a inclusão de companheiros homossexuais no plano de saúde.
Dois anos depois foi a vez do Supremo Tribunal Federal (STF) garantir os mesmos direitos aos seus funcionários, que vivem relações homossexuais estáveis. Na época, ficou acertado que a união poderia ser comprovada ao STF Med, plano de saúde dos trabalhadores do órgão.
Em janeiro, o Tribunal de São Paulo obrigou o plano de saúde Omnit a seguir a regra. Na decisão, a Justiça afirmou que disposições legais que protegem a união entre homem e mulher aplicam-se, por analogia, à união estável homossexual.
Mônica Ciarelli / RIO - O Estado de S.Paulo
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100509/not_imp549174,0.php"
sábado, 8 de maio de 2010
Teca
Quinta-feira, por volta das 11h, Teca, minha teckel, foi atropelada e morreu na hora.
Ela estava com o passeador, um rapaz muito responsável, que trabalha com a gente há muitos anos. Ele disse que a Teca se assustou com dois cachorros que vieram em direção deles e se soltou da guia. Eu não quis saber mais detalhes do acidente, porque a única coisa que me importaria era ter minha Tequinha de volta.
Estou sofrendo como não podia imaginar, parece que meu peito virou um buraco.
Teca foi a melhor cachorrinha com quem eu já convivi. Era uma cadelinha perfeita em tudo, linda, educada, amorosa, doce, cheirosa, protetora.
Foi um dos melhores presentes que a vida me deu, minha Tequinha.
A foto dela tomando sol foi a última, tirada na terça. Em uma manhã de sol em que todos estavam tão bem, eu nunca poderia imaginar que era a última foto da minha Tequinha.
Eu e os outros cachorrinhos estamos em uma tristeza inconsolável.
Tequinha viveu tão pouco tempo com a gente, pouco mais de dois anos, mas foi muito amada, todos os dias.
quinta-feira, 29 de abril de 2010
quarta-feira, 28 de abril de 2010
O que está acontecendo com a USP?
A gente sempre imagina que universidades são locais onde pessoas inteligentes e progressistas se reúnem. Mas a USP anda estranha. Depois disto, agora isto:
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO COMUNICA DESATIVAÇÃO DE ABRIGO PARA CÃES
Voluntários que atuam no projeto “USP Convive” reclamam que a decisão não foi discutida. Abandono de animais no campus é problema sério, e grupo de protetores teme que quaisquer mudanças comprometam o bem-estar dos cães atendidos atualmente.
No dia 27 de abril, ao chegar ao abrigo de cães da Universidade de São Paulo, a voluntária responsável pelo tratamento dos 110 animais ali alojados deparou com um banner informando que o canil seria desativado. Nenhuma conversa com a reitoria, nem qualquer outra forma de negociação, antecederam a decisão, que chocou os quase 1600 voluntários atuantes no projeto.
O abrigo para cães nasceu como parte de um projeto mais amplo, o USP Convive, que tinha por objetivo minorar o problema do abandono de animais no campus.
Ao longo de quase uma década, o projeto enfrentou inúmeras dificuldades. Em 2007, ganhou fôlego com o ingresso de um novo grupo de colaboradores, que passou a obter ajudas e doações por meio da Internet. Desde então, graças a mutirões e feirinhas de adoção, foram realizadas a esterilização de 900 animais em comunidades e a realocação de mais de 300 cães, encaminhados para seus novos lares devidamente vacinados, vermifugados, esterilizados e saudáveis. Os detalhes do projeto podem ser visualizados no site http://www.usp.br/convive/, e a atuação do grupo de apoio, denominado Patinhas Online, está resumida no site WWW.patinhasonline.com.br.
Os voluntários precisam de ajuda. Os cães precisam de ajuda. E a Universidade de São Paulo, como polo de produção e disseminação do saber, tem o dever ético de dar um exemplo de civilidade, respeitando não apenas os 110 animais que estão naquele abrigo à espera de um lar, mas também as pessoas que, nesta quase uma década de existência do USP Convive, têm feito sacrifícios e inúmeros esforços para ver o projeto bem-sucedido.
A sociedade cobra uma resposta!
O porta-voz para esta questão é o professor-titular do Instituto de Química da USP Tibor Rabóczkay. Tel. (11) 3091-3889.
terça-feira, 13 de abril de 2010
A voz dos idiotas
Gosto muito de uma frase que a Cora Ronai costuma dizer: não devemos amplificar a voz dos idiotas.
Como não tenho religião, pouco me importam as bobagens que essa gente fala por aí. Mas achei tão boa a nota da ABGLT sobre a última sandice da igreja católica que não pude deixar de postar aqui.
NOTA OFICIAL DA ABGLT SOBRE DECLARAÇÕES DO VATICANO REFERENTES À HOMOSSEXUALIDADE
(english version below)
A ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – é uma entidade de abrangência nacional, fundada em 1995, que congrega 237 organizações congêneres e tem como objetivo a defesa e promoção da cidadania desses segmentos da população. A ABGLT também é atuante internacionalmente e tem status consultivo junto ao Conselho Econômico e Social da Organização das Nações Unidas.
Diante da declaração do Secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, que afirmou nesta segunda-feira (12/04/2010) que é o “homossexualismo” (sic), e não o celibato, que deve ser relacionada à pedofilia, a ABGLT vem a público se manifestar:
A ABGLT deixa claro no seu estatuto que é contra a pedofilia, seja ela praticada por pessoas de qualquer orientação sexual ou identidade de gênero, heterossexuais ou homossexuais. A ABGLT, no seu primeiro Congresso, realizado de 20 a 24 de janeiro de 2005, em Curitiba, Paraná, Brasil, deliberou pela defesa e garantia do estado laico e contra a exploração e abuso sexual de crianças e adolescentes. A ABGLT entende que a pedofilia é um transtorno, conforme a Classificação Internacional de Doenças 10 - F65.4: 302.2, e que o abuso sexual de crianças e adolescentes é crime. A ABGLT mantém uma campanha permanente contra a pedofilia e o abuso sexual de crianças e adolescentes: http://www.abglt.org.br/port/luta_pedofilia.php ;
Diversos estudos sobre a pedofilia e sobre o abuso sexual de crianças e adolescentes apontam que a maioria destes crimes é perpetrada por heterossexuais, sem que isto signifique que a heterossexualidade cause a pedofilia. As questões relacionadas à pedofilia propriamente dita são muita complexas e não podem se reduzir a tão simplista diferenciação baseada na orientação sexual dos agressores. O que surge de fato como tendência nos estudos é que os crimes são praticados especialmente por pessoas que têm proximidade, exercem autoridade e possuem confiança em relação às crianças e aos adolescentes, como pais, familiares, religiosos;
A ABGLT não aceita esta provocação do Vaticano contra as pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – LGBT, que não passa de uma tentativa de desviar a atenção do problema maior que se prolifera dentro do seio da Igreja Católica, o qual deve - sim - ser explicado e esclarecido para a sociedade em geral;
A ABGLT defende um Estado Laico e entende que a liberdade religiosa não garante ao Vaticano o direito de julgar com suas próprias leis os seus pares que abusam de crianças e adolescentes. A ABGLT entende que religiosos que cometam crimes de abuso sexual de crianças e adolescentes, além de ter o devido acompanhamento dos serviços de saúde, devem ser submetidos às penas previstas pela lei secular, assim como o restante da população. Assim, a ABGLT se soma às demais instituições de direitos humanos e pede que o Vaticano se explique sobre estes crimes cometidos por sacerdotes católicos, e que não culpe de forma irresponsável a comunidade LGBT;
A ABGLT, diferente dos setores fundamentalistas religiosos, defende a educação sexual para crianças e adolescentes, de tal modo que aprendam a ter autonomia sobre seu corpo, e a se proteger e denunciar abusos dentro de casa, nas igrejas e em qualquer outro lugar;
A ABGLT convoca as organizações profissionais, de direitos humanos e LGBT, nacionais e internacionais, a se pronunciarem sobre o assunto;
A ABGLT espera que o Secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, tenha o mínimo de respeito para as famílias das crianças abusadas por padres e bispos da Igreja Católica, e que, ao invés de jogar a culpa de seus escândalos para a comunidade homossexual, reflita sobre o passado e o mal que historicamente a Igreja tem feito aos negros, deficientes, mulheres, judeus, ciganos, homossexuais e crianças e adolescentes em todo o mundo. Será que futuramente a Igreja vai pedir perdão também aos homossexuais por mais este erro que está cometendo agora?
Viva o Estado Laico. Pelo direito da Educação Sexual de crianças e adolescentes, pela punição (conforme as leis seculares) de religiosos que abusam sexualmente de crianças e adolescentes, por uma nova Igreja que respeite os direitos humanos de todos os cidadãos e todas as cidadãs, sem distinção de qualquer natureza.
Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais
OFFICIAL ABGLT POSITION ON VATICAN STATEMENTS ABOUT HOMOSEXUALITY
ABGLT – the Brazilian Lesbian, Gay, Bisexual and Transgender Association – is a national network, founded in 1995, currently having 237 member organizations throughout Brazil. Its mission is to defend and promote the citizenship of these segments of the population. ABGLT is also active on the international scenario and has consultative status with the United Nations Economic and Social Council.
In the face of the statement made by the Vatican’s Secretary of State, Cardinal Tarcisio Bertone, this Monday (12/04/2010) that it is “homosexualism” (sic), and not celibacy, that should be related to pedophilia, ABGLT publicly manifests itself as follows:
In its by-laws, ABGLT makes it clear that it is against pedophilia, regardless of the sexual orientation of gender identity of those who practice it, whether they be heterosexual or homosexual. During its 1st Congress, held on January 20th to 24th 2005, in Curitiba, Paraná, Brazil, ABGLT decided in favour of the defence of the Secular State and against the sexual exploitation and abuse of children and adolescents. It is ABGLT’s understanding that pedophilia is a disorder, as per the International Classification of Diseases 10 - F65.4: 302.2, and that the sexual abuse of children and adolescents is a crime. ABGLT has a permanent campaign on its website against pedophilia and the sexual abuse of children and adolescents: http://www.abglt.org.br/port/luta_pedofilia.php;
Many studies on pedophilia and the sexual abuse of children and adolescents indicate that the majority of these crimes is perpetrated by heterosexual people, without this implying that heterosexuality causes pedophilia. The issues relating to pedophilia itself are very complex and cannot be reduced to a simplistic differentiation based on the sexual orientation of the aggressors. What does arise as a tendency in the studies is that the crimes are committed by people who are close to, hold authority over and count on the trust of the underaged, such as parents, relatives, priests;
ABGLT does not accept this provocation by the Vatican against Lesbian, Gay, Bisexual and Transgender (LGBT) people, which is nothing more than an attempt to draw attention away from the more important problem that proliferates within the bosom of the Catholic Church, and which undoubtedly should be explained and clarified to society in general;
ABGLT defends the Secular State and understands that religious freedom does not give the Vatican the right to judge with its own laws its peers who abuse children and adolescents. ABGLT maintains that ordained people who commit the crime of sexual abuse of children and adolescents, in addition to receiving due healthcare, must be subject to the penalties provided for by secular laws, in the same way as the rest of the population. As such, ABGLT joins other human rights organizations and demands that the Vatican provide an explanation regarding the crimes committed by catholic priests, and that it does not blame the LGBT community in this irresponsible manner;
ABGLT, differently to fundamental religious sectors, defends sexual education for children and adolescents, in order for them to learn to have autonomy over their bodies, and learn to protect themselves from and report abuse at home, in churches, and wherever else it may occur;
ABGLT calls on professional, human rights and LGBT organizations, both national and international, to make pronouncements on this matter;
ABGLT hopes that the Vatican’s Secretary of State, Cardinal Tarcisio Bertone, will be capable of showing the minimum of respect to the families of the children abused by priests and bishops of the Catholic Church, and that, instead of placing the blame of its scandals on the homosexual community, it reflects on the past and on the harm that the Church has historically caused to Black people, the disabled, women, Jews, gypsies, homosexuals and children and adolescents throughout the world. Will the Church, in the future, also ask forgiveness of the homosexual community for yet another injustice it is committing now?
Long live the Secular State. For the right for children and adolescents to have Sexual Education, for the punishment (under secular laws) of ordained people who sexually abuse children and adolescents, for a new Church that respects the human rights of all citizens, indiscriminately.
ABGLT - Brazilian Lesbian, Gay, Bisexual and Transgender Association
segunda-feira, 29 de março de 2010
Ricky Martin sai do armário
I am proud to say that I am a fortunate homosexual man. I am very blessed to be who I am.
Ricky Martin sai do armário em inglês e espanhol.
Está explicado por que ele era o meu Menudo preferido rsrsrs
Congratulations, Ricky. I'm so proud of you.
sábado, 20 de março de 2010
Carne e Osso
sexta-feira, 12 de março de 2010
NOTA OFICIAL DA ABGLT: LGBT NAS FORÇAS ARMADAS
Esta semana (08 a 12 de março), a questão de LGBT nas forças armadas brasileiras foi noticiada duas vezes pelos meios de comunicação, ambas as vezes revelando o preconceito, a discriminação e o conservadorismo que existem a respeito.
O Senado aprovou nesta quarta-feira (10) a indicação do general Raymundo Nonato Cerqueira Filho o Superior Tribunal Militar (STM). Quando de sua sabatina pelo Senado em fevereiro, o general afirmou que “Tem sido provado mais de uma vez, o indivíduo [homossexual] não consegue comandar. O comando, principalmente em combate, tem uma série de atributos, e um deles é esse aí. O soldado, a tropa, fatalmente não vai obedecer. Está sendo provado, na Guerra do Vietnã, tem vários casos exemplificados, que a tropa não obedece normalmente indivíduos desse tipo [homossexuais]”.
Vale ressaltar que o Senado aprovou a indicação do general por 46 votos a favor e 5 contrários, após o general ter afirmado em carta que cumprirá a garantia da Constituição Federal de que todos são iguais perante a Lei. Que fique a lição. Esperamos que o Senado também aprove o Projeto de Lei da Câmara nº 122/2006 que proíbe várias formas de discriminação, inclusive por orientação sexual e identidade de gênero.
O segundo caso noticiado esta semana também envolveu o Superior Tribunal Militar, que decidiu nesta quinta-feira (11), por sete votos a três, reformar o tenente-coronel Osvaldo Brandão Sayd, que servia em Curitiba, por ele ter tido um relacionamento homossexual com um militar subordinado, mesmo que "fora da administração militar”.
O Código Penal Militar prevê pena de detenção para “Pederastia ou outro ato de libidinagem... homossexual ou não, em lugar sujeito a administração militar” (art. 235). Logo, o tenente-coronel não infringiu o Código neste aspecto, uma vez que ocorreu fora da administração militar.
Segundo o relator do caso no STM, ministro José Américo, “A opção sexual (sic) não há de ser recriminada, mas excessos têm de ser tolhidos para o bem da unidade militar. Não se pode permitir liberalidade a ponto de denegrir (sic) o instamento militar”. Américo e mais seis ministros, decidiram que o tenente-coronel “não reúne condições de permanecer como militar em exercício” e, portanto, deve ser reformado.
A ABGLT lamenta as atitudes discriminatórias dos ministros do STM que se posicionaram contra a atuação de LGBT nas forças armadas, e congratula a ministra Maria Elizabeth Teixeira Rocha, revisora do caso, por sua lucidez em afirmar que “O fato de o tenente-coronel ter tido relações sexuais com um subordinado fora da administração militar é comportamento que diz respeito apenas a uma questão pessoal, de foro íntimo, não afetando as Forças Armadas”, e que “Afastar alguém das fileiras das Forças Armadas em virtude de sua orientação sexual é promover o discurso do ódio, quando é dever do Estado coibi-lo”.
Ao contrário do Brasil, pelo menos 20 países permitem a gays e lésbicas servirem assumidamente como tal, entre eles: África do Sul, Alemanha (é permitido aos heterossexuais e homossexuais, sem distinção, praticar atos sexuais no serviço militar, desde que não interfira com a realização de suas atribuições. Militares lésbicas e gays também podem registrar uniões estáveis conforme a lei de parceria civil daquele país), Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Espanha (inclusive travestis e transexuais), Estônia, Finlândia, França, Holanda (primeiro país a proibir a discriminação contra homossexuais nas forças armadas, em 1974), Irlanda, Israel, Lituânia, Malta (a patente e os deveres da pessoa dependem de suas qualificações, e não de sua orientação sexual), Noruega, Reino Unido (a política do Reino Unido é permitir que gays e lésbicas sirvam assumidamente nas forças armadas, e a discriminação por orientação sexual é proibida. Também é proibido coagir pessoas LGBT a se assumirem. Desde 2008, é permitido aos militares participar de Paradas do Orgulho LGBT vestindo a farda), República Tcheca, România (segundo a política de recrutamento do Ministério da Defesa, “todo cidadão romeno tem o direito de participar das estruturas militares do nosso país, independente de sua orientação sexual”), Suécia e Suíça.
O Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT, na sua Estratégia 3 - Defesa e proteção dos direitos da população LGBT, item 1.3.9, prevê a revogação do artigo do Código Penal Militar que “persegue os militares homossexuais”. Ademais, os O Brasil é um país democrático e tem uma Constituição que garante que todos são iguais perante a lei e que não haverá discriminação de qualquer natureza. As Forças Armadas devem respeitar estas garantias também, ou não?
Toni Reis
Presidente da ABGLT
domingo, 7 de março de 2010
Marcha Nacional contra a Homofobia
I Marcha Nacional contra a Homofobia - 1º Grito Nacional pela Cidadania LGBT e Contra a Homofobia
A Direção da Associação Brasileira de Lésbicas , Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais - ABGLT, reunida em 02 de março de 2010, resolveu convocar todas as pessoas ativistas de suas 237 organizações afiliadas, assim como organizações e pessoas aliadas, para a I Marcha Nacional contra a Homofobia, vinda de todas as 27 unidades da federação, tendo como destino a cidade de Brasília. No dia 19 de maio de 2010, será realizado o 1º Grito Nacional pela Cidadania LGBT e Contra a Homofobia, com concentração às 9 Horas, no gramado da Esplanada dos Ministérios, em frente à Catedral metropolitana de Brasília.
Em 17 de maio é comemorado em todo o mundo o Dia Mundial contra a Homofobia (ódio, agressão, violência contra Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – LGBT).
A data é uma vitória do Movimento que conseguiu retirar a homossexualidade da classificação internacional de doenças da Organização Mundial de Saúde, em 17 de maio de 1990.
No Brasil , todos os dias , 20 milhões de brasileiras e brasileiros assumidamente lésbicas, gays, bissexuais, travestis ou transexuais -LGBT têm violados os seus direitos humanos, civis , econômicos, sociais e políticos. “Religiosos” fundamentalistas, utilizam-se dos Meios de Comunicação públicos, das Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas, Câmara Federal e Senado para pregar o ódio aos cidadãos e cidadãs LGBT e impedir que o artigo 5 da Constituição federal ( “todos são iguais perante a lei") seja estendido aos milhões de LGBT do Brasil. Sem nenhum respeito ao Estado Laico, os fundamentalistas religiosos utilizam-se de recursos e espaços públicos (escolas, unidades de saúde, secretarias de governo, praças e avenidas públicas, auditórios do legislativo, executivo e judiciário) para humilhar, atacar, e pregar todo seu ódio contra cidadãos e cidadãs LGBT.
O resultado desse ataque dos Fundamentalistas religiosos tem sido:
O assassinato de um LGBT a cada dois no Brasil (dados do Grupo Gay da Bahia - GGB) por conta de sua orientação sexual (Bi ou Homossexual) ou identidade de gênero (Travestis ou Transexuais)
O Congresso Nacional não aprova nenhuma lei que garanta a igualdade de direitos entre cidadãos(ãs) Heterossexuais e Homossexuais no Brasil.
O Supremo Tribunal Federal não julga as Arguições de Descumprimento de Preceitos Fundamentais e Ações Diretas de Inconstitucionalidade que favoreçam a igualdade de direitos no Brasil.
O Executivo Federal não implementa na sua totalidade o Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT
Centenas de adolescentes e jovens LGBT são expulsos diariamente de suas casas
Milhares de LGBT são demitidos ou perseguidos no trabalho por discriminação sexual
Travestis, Transexuais, Gays e Lésbicas abandonam as escolas por falta de uma política de respeito à diversidade sexual nas escolas brasileiras
Os orçamentos da união, estados e municípios, nada ou pouco contemplam recursos para ações e políticas públicas LGBT.
O Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais e Municipais precisam pactuar e colocar em prática a Política Integral da Saúde LGBT.
As Secretarias de Justiça, Segurança Pública, Direitos Humanos e Guardas-Municipais não possuem uma política permanente de respeito ao público vulnerável LGBT, agredindo nossa comunidade, não apurando os crimes de homicídios e latrocínios contra LGBT e nem prendendo seguranças particulares que espancam e expulsam LGBT de festas, shoppings, e comércio em geral.
A 1ª Marcha Nacional LGBT exige das autoridades Públicas Brasileiras :
Garantia do Estado Laico (Estado em que não há nenhuma religião oficial, as manifestações religiosas são respeitadas, mas não devem interferir nas decisões governamentais)
Combate ao Fundamentalismo Religioso.
Executivo: Cumprimento do Plano Nacional LGBT na sua totalidade, especialmente nas ações de Educação, Saúde, Segurança e Direitos Humanos, além de orçamentos e metas definidas para as ações.
Legislativo: Aprovação imediata do PLC 122/2006 (Combate a toda discriminação, incluindo a homofobia).
Judiciário : Decisão Favorável sobre União Estável entre casais homoafetivos, bem como a mudança de nome de pessoas transexuais.
Viva a
I Marcha Nacional LGBT contra a Homofobia no Brasil.
1º Grito Nacional pela Cidadania LGBT e Contra a Homofobia
Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais - ABGLT
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
O que sinto sobre o BBB10
Tenho sofrido com o BBB 10.
Comecei acompanhando para me divertir e com o passar dos dias a crueldade, homofobia e violência do programa começou a me fazer mal.
Aí pensei, estou doida, como um programa imbecil desses pode me incomodar?
Então li essse texto da fantástica Mary W. e tudo fez sentido. O texto é tão bom que tomei a liberdade de reproduzí-lo na íntegra aqui. Ela conseguiu organizar o que eu penso.
Stonewall
A questão do Dourado não é quem ele é. Isso é um problema dele e a gente sente que o cara tenta ser reflexivo e se arrepende da arrogância etc. A questão, pra mim, foi a rápida identificação de uma parcela do público com ele. Sem que ele tenha feito nada pra merecer, na primeira semana de programa todo mundo já estava torcendo pelo cara. Como o script da Globo nesse caso foi óbvio, a gente imagina o porquê da identificação. Ele entrou na casa por conta do comportamento homofóbico apresentado no BBB4. E a produção deve ter achado que seria interessante tê-lo como ingrediente e tal. O caso é que o público rapidamente o colocou como porta-voz. Como se tanta gayzice precisasse mesmo de um combatente etc. A reação foi histérica. Um tanto ridícula. No forinho, um amigo disse que as mulheres estavam úmidas e que devia ser isso. Eu pensei que vivemos na sociedade do espetáculo e que as subcelebridades tem um status enorme e mobilizam uma parcela significativa da população. Teoria da cauda longa aplicada, vemos ex-bbbs que ainda possuem fã-clube, comediantes de 5a categoria nos trending topics e atriz pornô convertida com vídeo hypado no youtube. Estou dizendo isso porque dei esse desconto. Tentei. Mas não dá. Tem coisas que vão além. A discussão sobre homofobia, então, ganhou o contorno mais preconceituoso do mundo. Quando dizem que deveria existir uma camiseta 100% branco. Mesma lógica. Começaram a dizer que o Dourado era vítima de heterofobia. Olha. Essa palavra é tão cruel que eu queria passar o programa todo sem tocar nela. É preciso que alguém seja um autêntico canalha para usá-la. É preciso que a pessoa nunca tenha lido uma droga de um livro de sociologia ou filosofia. É preciso que o significado do conceito de relativização seja completamente ignorado. Não existe heterofobia porque nós vivemos num mundo heterocentrado. Todos os valores e fundamentos tentam reforçar, pra todos nós, a sacralidade do casal heterossexual. Não existe vida fora da heterossexualidade. Um hetero não corre o risco de perder o emprego por conta de orientação. Um hetero não tem que esconder desejos, sentimentos e relacionamentos. Não existe um ambiente hostil para a heterossexualidade. Não existe a zombaria e os olhares. As piadas e insinuações. Quando uma colega sua é zoada na base do será que ela é? a resposta vem rápida "tá me estranhando", "deus me livre", "credo". Quantos "credo" um gay escuta por dia em referência à orientação sexual? "Que desperdício fulana ser lésbica". Quando eu vi que a Globo ia colocar a questão no BBB, sabia que ia dar merda. A emissora não sabe lidar com a questão e o programa é francamente emocional. Dourado perdeu voto hoje? De jeito nenhum. Ganhou voto hoje. Ele falou o que tá entalado na garganta de todo mundo: nós não temos moral. Imagina uma drag dar em cima de um macho? Falta de moral. Isso, my friend, é ambiente hostil. E nós não somos apenas gays. Nós estamos dentro de um movimento. Fazemos parte de uma luta. Uma das etapas fundamentais da nossa luta foi a construção da nossa subcultura. Não há lugar pra gente no mundo. Fomos construindo um lugar. Vida fora da heterossexualidade. E não construímos um gueto. Montamos um imaginário poderoso que é um pilar na desconstrução do preconceito. A rua Augusta está aí. Lady Gaga está aí. As performances do Serginho estão aí. Toda a arte homoerótica está aí. As drags queens estão aí pedindo passagem. Oscar Wilde é um símbolo. Shena e The L Word também. The Week e a A Lôca. Tem como ser gay e não dar pinta? Opa. Mas não tem como ser gay e não participar dessa subcultura. O S, do GLS, vem das pessoas heteros que curtem essa subcultura. No programa da TV, o Dourado se mostrou extremamente INCOMODADO com essa subcultura. Com todas as referências. Ele senta, durante as festas, quando toca "música de viado". Homofobia não é apenas atacar gay. É preciso ser um completo tapado pra não perceber as camadas do preconceito e quando ele é sutil. Como o Dourado não bateu no Dicésar, ele não é homofóbico. Faça-me o favor. A negação da nossa subcultura é homofobia. Você não tem espaço no meu mundo e eu odeio o mundo que você construiu. Não tem por onde. Tudo relativo ao mundo GLS incomodou o cara. Mas ele é reflexivo. Não considero um vilão. Acho que vem bem no programa. Ele escuta, pondera etc. O problema, repito, não é ele. É quem torce por ele. Porque a intenção é clara. Baixar a viadagem do programa. E aí não podemos ficar calados. Queria ficar o BBB todo sem tocar nesse assunto. Nunca vou considerar que a cultura de massas dá conta disso. Eu já sabia que do BBB não sairia um mundo mais tolerante. Eu só não esperava que a intolerância fosse vir em forma de avalanche e, pior, covardemente mascarada. Ele pode ganhar 1,5 milhão? Pode. Pode ganhar 15 milhões. Milhares de homofóbicos estão por aí, enchendo o rabo de dinheiro. Não faz diferença para a nossa luta. Não somos maioria nem queremos ser. Vamos continuar fazendo o que sempre fizemos. Fortalecendo a nossa auto-estima através da nossa subcultura. Buscando visibilidade através das nossas paradas. Criando redes de proteção para aqueles que ficam desamparados por conta da discriminação. O que deve ficar claro, eu acho, é que nós já esperávamos. A cada conquista sentimos a reação conservadora. Entrar no BBB tem uma conotação de conquista. Então veio a reação. Mas que venha. Não é o primeiro ataque que sofremos. Não será o último. E nós não temos mais medo. Podem gritar bastante. Podem soltar foguetes. Nós somos gays. Nós estamos aqui. Acostumem-se com isso.
Tô pensando muito no Dicésar, sabe? Em como ele está se sentindo. Depois, na varanda, ele não falou diretamente no assunto. Falou que já passou por tanta coisa em boates e tal. Nossa. Como ele nao merecia isso em rede nacional. Essa reação de asco e nojo. Ser amado por ele se tornar um desvio de caráter. E ele que nem ama. Passar por isso por conta de uma piada. Ser agredido daquela forma. Chorei um monte por conta disso.
Postado por Mary W. às 04:02
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
evangélicos=> muçulmanos => terroristas
os homofóbicos andam loucos porque o governo federal vem acenando com a possibilidade de reconhecimento de alguns direitos dos cidadãos gays. Claro que não vai dar em nada. Como nos oito anos de governo anteriores Lula, e agora Dilma, só querem o nosso voto, o que conseguem com simples promessas e nenhuma concretização.
Mas, ainda assim, os homofóbicos não se conformam e estão chiando forte. A moda mais recente entre eles é dizer que se forem reconhecidos direitos homossexuais, inclusive o bem básico de não ser discriminado, em seguida seria a vez de pedófilos e depois de zoófilos. primeiro pensei: hello?
Depois eu entendi, apesar de isso ser totalmente absurdo, eles pensam assim porque acham que vai acontecer igual é com eles: primeiro a pessoa começa sendo evangélico e homofóbico, depois vira muçulmano e acaba sendo terrorista e jogando aviões com passageiros em prédios cheios de gente. Quer dizer.ô vida.